Projeto em Execução | Empoderamento feminino
Aguapé
O projeto
O "Projeto Aguapé" tem como objetivo valorizar o trabalho das mulheres pantaneiras e difundir o conhecimento tradicional associado à utilização da fibra de aguapé, proporcionando uma alternativa de renda segura para a comunidade.
Localização
A Comunidade Tradicional da Barra de São Lourenço está localizada na Serra do Amolar, a 216 km ao norte de Corumbá, no estado do Mato Grosso do Sul. O acesso à comunidade se dá somente pelo rio Paraguai, sendo que o percurso de Corumbá à Barra do Rio São Lourenço dura em média 6 horas.
A comunidade da Barra do São Lourenço tem suas raízes provenientes de diferentes grupos étnicos locais, como os índios da etnia Guató e antigos escravos. A pesca turística, especialmente a coleta de iscas-vivas, tornou-se uma das principais fontes de renda na região. Além disso, muitos moradores se dedicam à pesca artesanal e prestam serviços para os barcos de turismo pesqueiro. Para complementar, eles também cultivam alimentos de subsistência, adaptando-se ao ciclo das cheias e secas do sub-Pantanal do Paraguai.
Espécie: Aguapé (Eichhornia crassipes)
O aguapé (Eichhornia crassipes) é uma espécie de planta aquática da família das pontederiáceas (Pontederiaceae), manejada há séculos pelas comunidades tradicionais e com ampla variedade de usos. No Pantanal-sul-matogrossense, é praticado o artesanato com a fibra do aguapé, que é coletado nas baías e canais.
A sua utilização é um conhecimento tradicional indígena praticado pelo Povo Guató, que habita a região. O artesanato local evidencia a fauna, a flora e as características marcantes da região, com influência indígena, expressando crenças, hábitos, tradições e referências culturais do povo pantaneiro.
História da comunidade
Antes de se dedicarem ao artesanato com a fibra do aguapé, muitas mulheres da comunidade tradicional pantaneira da Barra de São Lourenço trabalhavam na coleta de iscas vivas, comercializadas aos turistas da região. No entanto, esta é uma atividade considerada de risco, pois as mulheres precisam entrar na água para capturar os animais presos nos aguapés, dentre os quais encontram-se alguns animais peçonhentos. Além disso, a exposição frequente à água aumenta as chances de infecções ginecológicas entre as mulheres.
Diante dessas circunstâncias, um grupo de 25 mulheres (dentre elas, Catarina Ramos da Silva, guardiã desse conhecimento ancestral e responsável por transmitir o conhecimento das técnicas de elaboração das peças artesanais às mulheres locais), enxergou na difusão do conhecimento tradicional associado ao uso da fibra de aguapé, uma alternativa mais segura para que as artesãs pantaneiras obtivessem sua renda. Com isso, foi criada a Associação das Mulheres Artesãs da Comunidade Tradicional de Barra do São Lourenço (Associação Renascer).
Atualmente, o grupo enfrenta desafios de infraestrutura, pois não possui um espaço físico adequado para desenvolver o artesanato, secar e processar a fibra, e confeccionar as peças. Além disso, elas precisam alugar barcos para coletar o aguapé em áreas mais distantes.
O projeto pretende abordar esse desafio, reconhecendo a importância de garantir um ambiente seguro para a produção e reprodução das mulheres, permitindo o acesso à terra e à biodiversidade, bem como a proteção e manutenção da sua cultura.
Impactos históricos:
2000: O Pantanal é reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, destacando sua relevância ecológica e cultural.
2015: Criação da Associação Renascer, formada por 25 mulheres da Comunidade Tradicional de Barra de São Lourenço, com o objetivo de gerar alternativas de renda por meio do artesanato com a fibra de aguapé.
2019: Formalização do apoio da Avon ao projeto “Aguapé”
2022: Estudo comprova que Povos Indígenas e Tradicionais são essenciais para a preservação das florestas https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/florestas-precisam-das-pessoas
2023: Início do projeto “Aguapé”
Atividades do projeto
Objetivo 1. Capacitar as mulheres para o artesanato com o aguapé, gerando novas fontes de renda, e agregando valor aos produtos desenvolvidos pelas mulheres da comunidade
Confecção de materiais de divulgação do artesanato, para agregação de valor: Serão elaboradas embalagens, etiquetas e a logomarca da Associação, com o objetivo de dar mais visibilidade para o trabalho das artesãs, além de agregar valor ao produto comercializado. As etiquetas deverão contar um pouco da história da arte de trabalhar a fibra do aguapé e sua relação com o conhecimento tradicional associado ao uso da biodiversidade. Todas as definições serão tomadas em conjunto com as mulheres, por meio de reuniões coletivas.
Capacitações para o manejo do aguapé e produção de artesanato: Serão oferecidas duas capacitações, ministradas por Catarina Ramos da Silva - guardiã desse conhecimento ancestral, com o objetivo de disseminar a técnica da confecção do artesanato entre as próprias artesãs da associação; e qualificar as mulheres para o acesso a mercados.
Objetivo 2. Elaborar um manual/protocolo de boas práticas de manejo do aguapé, que permita difundir dentro da comunidade o conhecimento tradicional associado ao aguapé
Elaboração de manual de boas práticas: o manual será construído em conjunto com as mulheres da comunidade, e terá como base as suas experiências e acordos realizados entre elas sobre as formas de manipular a espécie, respeitando suas características biológicas, de forma a manter o equilíbrio e a manutenção da espécie em seus ambientes naturais
Objetivo 3. Investir em infraestrutura e equipamentos comunitários para o trabalho com o aguapé
As atividades deste objetivo giram em torno da construção de um galpão com 80m² dentro da área da comunidade, que garantirá que as fibras se mantenham secas durante o período necessário para a elaboração do artesanato, além de servir como local para reuniões do grupo e como ponto estratégico para a comercialização. Também será adquirido um barco a motor, que trará maior independência para as mulheres na coleta de aguapé, permitindo que elas se desloquem para águas mais distantes em busca da matéria prima.
19
mulheres capacitadas para desenvolverem artesanato com a fibra do aguapé;
01
manual de boas práticas de manejo do aguapé estruturado;
60%
de aumento na renda das mulheres.
Impactos do
projeto
Realização
Avon
A Avon faz parte do grupo Natura&Co, um dos maiores grupos de beleza do mundo, e tem o propósito de empoderar mulheres e promover a sua independência financeira. Com o objetivo de ser a melhor empresa de beleza do mundo e para o mundo, a Avon possui uma política de sustentabilidade que foca no compromisso com a vida, endereçando problemas sociais como igualdade e inclusão, e ambientais como as crises climáticas e perda da biodiversidade.
Associação Renascer
Responsável pela execução do projeto, a Associação Renascer desde 2015 busca gerar alternativas de renda para as mulheres da comunidade pantaneira da Barra de São Lourenço, MS, através do artesanato e difundir conhecimento tradicional.
VBIO.eco
Plataforma de bioeconomia que viabiliza projetos de valorização da biodiversidade brasileira. Conta com uma equipe multidisciplinar com mais de 12 anos de experiência em gestão de projetos e comunicação corporativa. Sua atuação já viabilizou a operação de 23 projetos de valorização da biodiversidade, e criou uma rede de mais de 500 organizações e empresas atuantes na causa socioambiental.