Entenda como a perda da biodiversidade afeta a economia e saiba os motivos pelos quais buscar integrar biodiversidade às políticas corporativas é uma excelente alternativa para as empresas.
A melhoria na qualidade de vida e o crescimento econômico presenciados no século passado foram impressionantes. No entanto, esse crescimento custa caro aos sistemas naturais que sustentam a vida na Terra e, consequentemente, sustentam as próprias conquistas econômicas e de qualidade de vida humana.
A humanidade já causou a perda de 83% de todos os mamíferos selvagens e metade de todas as plantas, e os atuais padrões de produção, consumo, uso da terra e dinâmica populacional sustentam essa perda, exigindo uma mudança radical do relacionamento da sociedade com o não-humano.
Não é surpresa que o Relatório Global de Riscos do Fórum Econômico Mundial de 2020 colocou a perda de biodiversidade no topo da lista de riscos para a economia global. Entretanto, ainda há muita confusão acerca do quanto dessa perda estaria relacionada à prosperidade humana e dos negócios, e um dos principais motivos para isso é que a natureza está geralmente escondida ou incorretamente valorada dentro das cadeias de suprimento. Ou seja, um dos principais motivos de não se entender como a perda da biodiversidade pode impactar a prosperidade dos negócios é porque é difícil entender onde ela se encaixa na cadeia produtiva das empresas. A água, por exemplo, é um recurso sem o qual nada se produz e que, contudo, depende da biodiversidade, das nascentes protegidas com mata ciliar, sem as quais não há água nos rios.
O primeiro relatório da série Nature Risk Rising, do Fórum Econômico Mundial, aponta que $44 trilhões da geração de valor econômico (mais da metade do PIB do mundo) são moderada ou altamente dependentes da natureza e seus serviços, estando inerentemente expostos à perda de biodiversidade.
Porém, essa dependência varia consideravelmente entre indústrias de diferentes setores, e apesar de o risco para aquelas do setor primário ser mais simples de entender, as consequências para os setores secundário e terciário também podem ser significantes devido às “dependências ocultas” por meio de suas cadeias de suprimento. Por isso, é fundamental que essas economias avaliem, priorizem e invistam na manutenção e conservação da biodiversidade.
Além da cadeia de suprimentos, há vários outros cenários em que a perda da biodiversidade se torna um risco evidente para os negócios: quando os impactos diretos e indiretos sobre a perda da biodiversidade geram pressões regulatórias ou legais, influenciam na percepção do público, dos investidores e na reputação da companhia.
Ou, ainda, quando a perda da biodiversidade causa distúrbios na sociedade e nos mercados onde a empresa atua, seja na saúde, com surtos de doenças transmitidas por animais; conflitos e disputas por acesso a recursos essenciais como água; ou nas negociações comerciais entre países, como acontece com os incêndios florestais da Amazônia desde 2019.
À medida que a natureza continua se deteriorando, as empresas correm progressivamente mais risco reputacional, legal, operacional e financeiro. Por outro lado, as oportunidades de negócios que aguardam aqueles comprometidos com a conservação da biodiversidade e ecossistemas naturais podem ser consideráveis. Empresas que mantém um acompanhamento acerca de como seus negócios influenciam e são influenciados pela perda da biodiversidade são capazes de gerenciar os riscos das suas atividades, o que as coloca em vantagem competitiva, pois as torna mais resilientes a crises.
Segundo o relatório TEEB – A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para o Setor de Negócios, os consumidores, mais preocupados com o meio ambiente, mudaram suas preferências e padrões de consumo para dar preferência a produtos e marcas ecologicamente corretas. Dessa forma, a variável ambiental afeta a competitividade ao contribuir para melhorar a imagem da empresa perante os clientes e a comunidade. Além disso, a integração da biodiversidade no negócio pode criar um valor agregado significativo para as empresas, pela garantia da sustentabilidade das cadeias de produção, ou pela penetração em novos mercados e atração de novos clientes.
Uma outra grande ferramenta para integração da biodiversidade nos negócios é incorporá-la aos programas sociais desenvolvidos pelas empresas. A biodiversidade geralmente não é considerada no processo decisório corporativo relacionado a programas de investimento social, apesar de haver grande sinergia entre ambas as linhas, pois as comunidades em situação de vulnerabilidade social possuem uma relação de dependência mais forte com a natureza, já que alternativas para alimentação, abrigo, renda, saúde e modo de vida geralmente não estão disponíveis ou são muito mais caros.
Na VBIO, as corporações encontram uma vitrine de projetos inspiradores que promovem o valor da sociobiodiversidade e do ser humano como ferramenta para conservação da natureza. A partir do apoio a projetos de valorização da biodiversidade brasileira, as empresas podem transformar seu investimento em responsabilidade social corporativa em um diferencial competitivo, ao mesmo tempo em que contribuem para a promoção de um futuro em harmonia com a natureza.
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