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Baixo Rio Negro: um modelo de sustentabilidade amazônica e fortalecimento das comunidades tradicionais

  • Foto do escritor: Alice Pisani
    Alice Pisani
  • há 8 horas
  • 3 min de leitura

O Baixo Rio Negro, situado no município de Barcelos, no estado do Amazonas, é uma das áreas mais ricas em biodiversidade e diversidade sociocultural da Amazônia. Localizado dentro do Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN), que abrange mais de oito milhões de hectares em unidades de conservação, o território se destaca pela interação entre comunidades tradicionais, povos indígenas e diversos atores comprometidos com a promoção da sustentabilidade econômica e ambiental.


Esse cenário tem sido moldado pelo fortalecimento do associativismo indígena e por iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável da região.


No contexto do Rio Negro, destaca-se a criação da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), que proporcionou maior representatividade às comunidades indígenas nas tomadas de decisão. Essa estrutura também viabilizou parcerias nacionais e internacionais voltadas à captação de recursos e ao fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis.


O papel estratégico do Mosaico do Baixo Rio Negro na conservação ambiental

Reconhecido oficialmente pelo Ministério do Meio Ambiente em 2010, o MBRN surgiu como um modelo inovador de gestão integrada para a conservação da biodiversidade e o fortalecimento da participação social no planejamento territorial. Sua criação contou com o apoio do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e envolveu um amplo processo de mobilização, reunindo sociedade civil, instituições públicas e privadas, além das comunidades locais.


As 11 unidades de conservação que compõem o mosaico, junto a outras três em processo de inclusão, garantem a proteção de ecossistemas estratégicos e modos de vida tradicionais. A governança participativa dessas áreas tem possibilitado ações voltadas para o turismo sustentável, o monitoramento da sociobiodiversidade e o desenvolvimento de atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental.


Cadeias produtivas sustentáveis: potencial e desafios para o futuro

Entre as iniciativas incentivadas pelo MBRN estão o manejo sustentável do pirarucu, a produção de óleos vegetais, a coleta de castanhas e o ecoturismo. Essas atividades geram renda para as comunidades e promovem o uso sustentável dos recursos naturais.


No entanto, essas cadeias produtivas ainda enfrentam desafios significativos, como a carência de infraestrutura adequada, a dificuldade de acesso aos mercados e a necessidade de políticas públicas eficazes para fomentar o desenvolvimento sustentável. Além disso, o avanço das ameaças à biodiversidade e ao modo de vida das populações tradicionais exige um esforço contínuo de monitoramento e articulação entre os diversos setores da sociedade.


Para assegurar o fortalecimento dessas cadeias produtivas e a conservação do Baixo Rio Negro, é fundamental investir na capacitação das comunidades locais, promover parcerias institucionais e implementar políticas públicas que conciliem desenvolvimento econômico e preservação ambiental. O engajamento das populações tradicionais e o fortalecimento do associativismo continuam sendo pilares essenciais para a construção de um futuro sustentável para a região.


Ao integrar conservação ambiental, economia sustentável e participação social, o Baixo Rio Negro se consolida como um exemplo de que é possível alinhar a proteção dos recursos naturais com o bem-estar das comunidades amazônicas. A continuidade desses esforços depende do comprometimento de governos, organizações da sociedade civil e da população local, garantindo a conservação desse patrimônio para as futuras gerações.



Referências

  • Mosaico do Baixo Rio Negro. (s.d.). O Mosaico do Baixo Rio Negro. Diagnóstico Socioambiental Participativo do Baixo Rio Negro. Barcelos: Mosaico do Baixo Rio Negro. Disponível em: https://mosaicodobaixorionegro.eco.br/o-mosaico/

  • Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). (s.d.). Projetos no Baixo Rio Negro. Diagnóstico Socioambiental Participativo do Baixo Rio Negro. Barcelos: IPÊ. Disponível em: https://ipe.org.br/category/projetos/baixo-rio-negro/

  • Peres, S. C. (2003). Cultura, política e identidade na Amazônia: o associativismo indígena no Baixo Rio Negro. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 457 p. (Tese de doutorado em Ciências Sociais).

 
 
 

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